A cabeça estava a mil, as férias chegando, uma parte da viagem já estava certa, Portugal era o destino, mas e a outra? O que fazer? Pra onde ir? Só havia uma certeza – tinha que ser um destino inédito e de preferência na África, pra uns isso já é muito, pra mim era pouco. A bússola apontava pra Tunísia e pra Argélia, mas por questões de segurança esses dois países perderam força e aí fui parar no Marrocos – e que sorte a minha que foi assim.
Foram 12 dias de uma experiência incrível e inesquecível por um país totalmente diferente, tão diferente que até ler não é igual (lemos da esquerda pra direita, eles leem da direita para a esquerda).
O povo marroquino é um povo receptivo, mas cuidado, em algumas circunstâncias essa receptividade pode ser uma forma de lhe arrancar alguma vantagem; é um povo negociante por natureza, entre nessa onda e negocie quando estiver nas medinas (mercados), negocie mesmo – aqui não tem essa de 10%, em algumas circunstâncias você pode pagar 25% do preço inicial que tinha o produto.
Ao contrário do que imaginei a temperatura sempre foi amena (até mesmo no famoso deserto do Saara). De dia era um calor agradável e de noite cheguei a passar leve frio em alguns lugares. Mas creio que dei sorte, alguns dias antes de chegar a Marrakesh, algumas pessoas comentaram que a temperatura era de incríveis 45ºC.
Além de apresentar um mundo totalmente diferente, o Marrocos pode ser um destino interessante pra quem não quer gastar muito. A moeda oficial é o Dirham Marroquino (MAD). Em grandes centros você gasta em torno de 40 MADS pra comer bem e consegue beber um suco de laranja a 5 MADS. Mas quanto vale o MAD? Á época que fui a cotação era na ordem de 1 Euro = 10,50 MAD.
Sobre os lugares que passei, decidi fazer um roteiro mais puxado para a história, então passei pelas quatro cidades imperiais (Marrakesh, Fez, Méknes e Rabat), mas há também os roteiros de praia em cidades como Agadir e Essaouira. Além das cidades imperiais, passei ainda pelo Deserto do Saara, onde tive uma experiência inesquecível, Casablanca e Chefchaouen, a famosa cidade azul.
Todas as cidades foram especiais, mas guardo um carinho especial pelo Saara, pois esse deserto é a imagem que temos da África, aquelas areias em movimento, a força do vento fazendo-as cantar, o laranja puxado pro vermelho e uma imensidão, um mar...de areia que assusta, mas que atrai.
O safari para o Saara durou 5 dias e nesses 5 dias fomos parando em pontos ao longo da Cordilheira do Atlas (cadeia de montanhas que corta o Marrocos), tirando fotos, convivendo com o povo que se espalha e vive por esses locais. Éramos em nove, quatro brasileiros, quatro portugueses e eu, um luso-brasileiro – nossa convivência foi maravilhosa e isso tornou o Saara ainda mais significante e inesquecível.
Sobre o Saara a imagem que fica é de nossa chegada andando a camelo até o nosso acampamento, já próximo à fronteira com a Argélia, na porção de Merzouga – foi incrível.
Outra visão é da paz diante da imensidão do Saara, o pôr e especialmente o nascer do sol. Ver o sol crescendo por trás da montanha de areias é daquelas visões que ninguém nunca esquece.
O deslocamento no Marrocos é uma maravilha, o país é servido por ótima linha de trem que te leva a quase todos os lugares por um preço camarada. Você tem a opção de comprar suas passagens antes (www.oncf.ma) ou comprar na hora em guichês e self-vending machines. Optei por comprar na hora e assim ter mais flexibilidade de horários e datas. Há pontos aonde o trem não chega (Chefchaouen, por exemplo) para estes uma ótima empresa é a CTM. Reserve seus passeios pelo Marrocos com a GetYourGuide aqui neste link.
Leve dinheiro em espécie (dê preferência ao Euro, que é mais aceito pelas ruas). Caso esteja com dólar só conseguirá trocar em casas de câmbio, o que é até melhor, pois pagam valores melhores. Encontrar lugar que aceite cartão no Marrocos é como encontrar agulha no palheiro. Até mesmo locais que dizem aceitar cartão você tem problemas, pois quase sempre dizem que a máquina está com problemas e fora de operação – te forçam a pagar em cash, pois assim fica mais fácil sonegar impostos.
Pra quem pensa em fazer sua primeira incursão na África, conhecer o mundo islâmico, o Marrocos é uma excelente escolha, além de ser um lugar carregado de história. É um país flexível ao mundo ocidental e ali é possível fazer essa transição sem “sofrer”. Você vai ver um outro mundo, você vai viver outro mundo e isso é enriquecedor, mas o impacto não será tão forte, será suave.
Pra lá de Marrakesh? Nem pensar, o melhor lugar é ficar por Marrakesh e explorar o Marrocos.
Shokran bzaf, meus amigos. Muito obrigado.
Philipe Santalla é viajante apaixonado que sonha conhecer o mundo. É comissário de voo e mora em Santos (SP). Em breve terá seu blog pra falar de viagens, mas enquanto não tem conta um pouco das suas andanças em seu perfil do Instagram (https://www.instagram.com/philipesantalla/).
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